“Quando lá atrás desfiz meu primeiro casamento, por motivos que não vêm ao caso, minha mulher me chamou de machista e misógino. Falou sem reflectir, por estar inconformada, pois conhecendo como ninguém a exata acepção e mesmo a etimologia de cada palavra, ela sabe que não são corretas aquelas que proferiu. Não sou de bater em mulher, nem me dá prazer algum magoar o coração delas. Prefiro as que já vêm magoadas por outro homem; mulheres traídas, por exemplo, mulheres com raiva, a cara quente. Mas nada se compara às esposas que enviúvam ainda jovens e fiéis. Aquelas que se agarram ao caixão fechado, no velório do marido morto em acidente pavoroso. Não posso ver uma foto desses velórios sem pensar em quem será o primeiro a se deitar com a viúva, por quanto tempo ela resistirá, com que confusão de sentimentos se entregará por fim. Mulheres que choram no orgasmo também aprecio. Finjo: está triste?, doeu? Existe mesmo um elo entre compaixão e perversidade.” (excerto do livro “Essa ge...