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O Jardim da Esperança

Autora: Diane Ackerman

 No Zoológico de Varsóvia, na Polónia, os encarregados do mesmo, o Dr.Jan e Antonina Zabinski viviam uma vida feliz, pois adoravam o trabalho que faziam, assim como os animais que se encontravam ao seu cuidado. Os animais eram tratados com afecto, como se fizessem parte da família; reinava um ambiente familiar entre eles e os seus trabalhadores. Antonina, todas as manhãs, percorria o jardim de bicicleta para verificar como estavam a decorrer os tratamentos e a distribuição dos alimentos aos animais. Por vezes acontecia ter que ajudar as fêmeas a parir as crias, as quais recebia com carinho e orgulho pelo acontecimento. Sempre sorridente seguia até ao portão principal, onde as pessoas aguardavam para entrar numa visita guiada com alegria e prazer.                                              Decorria o ano de 1939 e a Segunda Guerra a começar. Antonina vai abrir os portões quando de repente começam os bombardeios que foram destruindo a cidade e o Zoo, matando os animais. O casal passa a ser supervisionado por um zoologista alemão, Lutz Heck. Indignados com tudo o que se está a passar, Jan e Antonina juntam-se à resistência para ajudar a esconder os judeus, que se encontravam no Gueto de Varsóvia. Conseguiram esconder no Zoo à volta de 300 judeus, os quais ajudaram a fugir, mesmo sabendo o risco que corriam.                                                                                                                                  Décadas depois da Guerra, foi-lhes reconhecido como 'Justos entre as Nações', pela Yad Vashem em Israel, devido à luta para proteger os Judeus durante a Guerra.                              Reconstruiram o Jardim Zoológico que continua aberto até aos dias de hoje.  

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, assim dizia o nosso poeta Luiz Vaz de Camões. Esperando que as tragédias que ocorrem nos nossos dias sejam suficientes, para não causar mais danos colaterais.                                                                                           

Cecília Pedro

 

Comentários

Não conheço a autora e, dado nunca ter lido nada seu, circunscrevo o meu comentário ao excerto que a Cecília nos propõe. Trata-se de um exemplo típico de ambivalência, que muitas vezes se encontra nas situações extremas, ou situações limite. E a guerra é um desses casos. Por regra, sempre tida como o mal de todos os males. Mas também, como é o caso, tantas outras vezes procurada como território onde encontrar o melhor que o homem tem em si.

nelson anjos
marilia Pinho disse…
Este texto fez-me lembrar de imediato Aristides Sousa Mendes, também ele agraciado com o título “Justo entre as Nações” pela Yad Vashen em 1967.
Aristides Sousa Mendes foi uma figura polémica no seu tempo e ainda hoje há versões diferentes sobre a sua personalidade e motivações.
Cônsul em Bordéus, com uma imensa prole de 15 filhos (14 com a sua legítima e mais uma de uma relação extraconjugal), quando começou a passar vistos aos refugiados para poderem entrar em Portugal, em 1940, já tinha feito um percurso diplomático com muitos incidentes pelo caminho, desde desobediências, abandono do seu posto sem autorização até ser acusado de má utilização de dinheiros públicos.
Há quem diga que salvou 30.000 judeus (?!) outros investigadores referem que o número ficou muito abaixo disso.
Por humanismo ou, como também não se livra da fama, pelos emolumentos que recebia, a verdade é que fez um trabalho de mérito e pena é que tenha acabado por morrer na miséria por falta de reconhecimento na altura devida.
Acho que este foi um dos casos, como diz o Nelson, em que, no extremo, o melhor do homem veio ao de cima.

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