Conto de Natal, de Charles Dickens
Neste Conto de de Natal, vamos encontrar o Sr. Scrooge, um ser que detesta o Natal, esquecendo a sua vida de outrora, onde o Natal existia e ainda havia bondade no seu coração. A sua ganancia era tanta, que não perdoava nem um cêntimo a quem ficasse a dever. Não compreendia a vida do seu empregado, que apesar de passar por muitas necessidades económicas, não deixava de sorrir. Sua esposa e filhos eram a sua maior alegria. Dando especial atenção ao seu filho Tim, que tinha problemas com as suas pernas, não podendo deslocar-se, como gostaria. O nosso conto começa numa noite em que o Sr. Scrooge, sonha com o seu sócio, já falecido. Este no sonho, diz que não tem paz mesmo morto, pois está a sofrer as consequências dos seus actos. Pois nunca ajudou ninguém, durante a sua vida. Avisa-o que vai receber a visita de três espíritos, e que ainda pode mudar a sua vida, fazendo o bem, tornando-se um benfeitor para os que o rodeiam. A visita dos espíritos deixa o Sr. Scrooge em pânico, com tudo o que lhe mostram, se não mudar de atitude!
Na prática, vemos alguém que esqueceu todo ou qualquer sentimento, em relação ao próximo. Fechou seu coração ao Amor e a qualquer outro sentimento ou emoção. Não encontrando mais a verdadeira essência ou significado que representava o nascimento de Jesus, e a sua maior dádiva como ser humano: o Amor ao próximo, e a tomada de consciência em relação aos outros, amando-os como a si mesmo. Hoje, fica-se pelo consumo desmedido de compras de Natal.
Boas Festas,
Cecília Pedro
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E dado que o Natal é também conhecido como a “Festa da Família”, no âmbito do imaginário que ao longo de dois milénios foi sendo construído, aqui fica o conceito, pouco ortodoxo, que Jesus tinha de família. Lembra Bento Domingues: “(…) Os seus familiares nunca entenderam a sua estranha evolução. Era o doido. A vergonha da família. Seus irmãos não acreditavam nele e a mãe achava-o muito estranho. (Lc 2, 41-52; Mc 3, 21; Jo 7, 3-10 (…)”. Pela minha parte, e atendendo à minha relação, também ela pouco canónica, com a família, não me posso sentir mais cristão.
E que dizer da relação de Jesus com o Templo e a padralhada da altura? – «... expulsou todos os que ali vendiam e compravam, derrubou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam as pombas; e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores.» (Mt 21:12-13).
Por esta breve amostra já devem ter percebido que, se não festejaram o Natal com um enorme bacanal, festejaram tudo menos o Natal. (E, já agora, leiam a "Insurreição de Jesus" (Temas e Debates), do Frei Bento Domingues, que também é um tipo bacano)
nelson anjos