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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2021
  Em Abril fique em casa “Aqui, Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas. As Forças Armadas Portuguesas apelam a todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de se recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma.”           Foram estas as primeiras palavras dirigidas aos cidadãos de Lisboa – o resto era paisagem – pela nossa democracia nascente, às primeiras horas da madrugada do dia 25 de abril de 1974. Desde os primeiros momentos de vida que a nossa democracia deu sinais de saúde débil, levando os seus cuidadores a uma presença maternal quase permanente: cuidado com o sol e com as correntes de ar!        Fique em casa! – o aviso, feito por militares, era ordem para se levar a sério e cumprir sem perguntas escusadas. Como eram de resto, então, todas as perguntas. Política! – aquilo era coisa para profissionais e trazia já consigo, na hora do parto, plano de confinamento incluído, co...
   PÁSCOA NA ALDEIA, DE TEIXEIRA DE PASCOAES Minha aldeia na Páscoa… Infância, mês de Abril! Manhã primaveril! A velha igreja. Entre as árvores alveja, Alegre e rumorosa De povo, luzes, flores… E, na penumbra dos altares cor-de-rosa. Rasgados pelo sol os negros véus. Parece até sorrir a Virgem-Mãe das Dores. Ressurreição de Deus! (…) Em pleno azul, erguida Entre a verde folhagem das uveiras. Rebrilha a cruz de prata florescida… Na igreja antiga a rir seu branco riso de cal. Ébrias de cor, tremulam as bandeiras… Vede! Jesus lá vai, ao sol de Portugal! Ei-lo que entra contente nos casais; E, com amor, visita as rústicas choupanas. É ele, esse que trouxe aos míseros mortais As grandes alegrias sobre-humanas. Lá vai, lá vai, por íngremes caminhos! Linda manhã, canções de passarinhos! A campainha toca: Aleluia! Aleluia! (…) Velhos trabalhadores, por quem sofreu Jesus. E mães, acalentando os filhos no re...
  Questões de saneamento básico   Sou homem de um só parecer (?) (Alguns dizem que sou “facho”): O que me interessa é comer, Não importa a cor do tacho.   Com duas “reciclagens” Tal como diz o MIRANTE, À terceira vou p’ró CHEGA   – Caro leitor, não se espante.   Em questões de ecologia O dejeto não é perda: Basta que haja uma ETAR P’ra reciclar qualquer merda.   Por agora vou p’rá Mêda Que Mêda bem me merece. Miranda fica mais limpa E a comunidade agradece.   (Recomendação técnica)   Lacaios e oportunistas Leva-os, não deixes nenhum. Aqui entopem os esgotos; lá, Sempre há Mêda p’ra mais um.   nelson anjos Senhor da Serra
  Terras do Demo Aquilino Ribeiro Devo comparar a leitura de “Terras do Demo” de Aquilino Ribeiro à das que costumo fazer de títulos de língua inglesa ou francesa. É que posso saber o suficiente para compreender o que diz o autor, mas passo por cima de muitas palavras desconhecidas, cujo sentido apenas suponho. É claro que, acaso fosse um leitor mais criterioso, postar-me-ia com o dicionário ao lado e não passaria nenhuma página do romance sem que o tivesse de consultar várias vezes para depreender o seu verdadeiro significado. Na escrita de Mestre Aquilino é essa uma inevitabilidade, que desafia o leitor: o vocabulário é tão rico, que muitas das palavras por ele utilizadas já devem estar quase eliminadas do léxico nacional por não haver quem as utilize. Mas a leitura de “Terras do Demo” que, em 1919, foi um dos primeiros romances do jovem Aquilino, impressiona ainda pela qualidade e maturidade do autor, então com apenas 34 anos. Situado na zona geográfica aonde nasceu o autor, o r...