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A mostrar mensagens de setembro, 2021
  A Revolução da Música Portuguesa Foi Há 50 anos (nuno galopim e joão lisboa, Revista Expresso)     Uma Canção é um objeto novo “Acho que é mesmo uma fruta do tempo. Coincidiram ali vários aspetos que talvez ajudem a perceber porque comecei por ir por aí... o Zeca Afonso, o movimento dos ‘baladeiros’... tínhamos discussões de caixão à cova entre nós por causa daquela prótese criativa que existia na altura e que era pegar nos livros dos poetas e fazer canções. O debate — que chegou a levar a cortes de relações — era sobre o que é uma canção. Uma canção não é uma poesia servir de autocolante para uma música qualquer, é um objeto novo, uma linguagem diferente. É filha, mesmo no sentido genético, da música e da palavra. Não há hipótese de fugir a isso e eu insurgia-me contra essa mania dos livros de poemas (ainda por cima, coisas neorrealistas), e fazer canções a metro com dois, três acordes, primeira-segunda-e-marcha...
 Aquilino Ribeiro ROMANCES COMPLETOS Mónica Circulo Leitores «Ajudada por Fräulein, Mónica enfeitava a mesa, compondo a toda a volta, sobre a neve deslumbrante da toalha, uma grinalda de balsamina e de isabel -entre-sonhos, ordenando as dálias na floreira de modo a detonarem em suas meias-tintas, deixando por cima do trinchante e dos aparadores uma ou outra rosa debruçada dos solitários. Vira assim num almoço dos Alvarengas. Mais cravos no chemin de table, um toque aos guardanapos dispostos em harmónica, outro aos copos de cores diversas e tamanho decrescente como flauta de Pà, e eis a seu termo, com pressurosa antecipação, o aparato do jantar.>> Monica Terminada a leitura deste romance, fiquei absorvida por esta 'história', como uma ligação de um passado na realidade de hoje. A nossa 'liberdade' de escolha, de amar e de viver na sociedade que nos guia, e nos leva a desígnios nem sempre os ideais. No fundo, o tema do romance é ainda actual; nem sempre acaba como n...
  Para onde vai Portugal?           Os partidos, pelo menos os que temos, são hoje uma das mais conservadoras instituições da sociedade. Não detêm saber para produzir soluções, são um obstáculo a que isso aconteça, trabalham para o curto prazo.        Para aliviar a tristeza e a monotonia de mais um velório eleitoral aqui deixo, como sugestão de leitura, a escrita de Raquel Varela. Que, para além de uma mulher bonita é culta e inteligente. Atributos cada vez mais escassos em campanhas eleitorais. Leitura imperdível. A social democracia – independentemente da versão e do intérprete – vai nua e é urgente a aventura de novos caminhos. Voltarei a este livro da autora, Para onde vai Portugal? , de que deixo alguns excertos. “O aprofundamento da democracia é hoje um desígnio central da civilização, e exige mais intervenção da sociedade, recuperação do poder da população sobre a res publica , em vez de se limitar a um c...
  E agora, o que fazer com os "Chalupas"?   No País dos brandos costumes, temos uma típica forma de lidar com os problemas. Primeiro, tentamos semicerrar os olhos, encolher os ombros e fingir que eles não existem. Muitas vezes, os problemas dissipam-se. Outras vezes, avolumam-se e transformam-se em problemas maiores. E, muitas vezes, só quando nos entram pelos olhos adentro, indisfarçáveis, é que percebemos que não dá mais para continuar a ignorá-los. Com os vários movimentos inorgânicos negacionistas e antivacinas, foi mais ou menos isso que aconteceu. Desvalorizámos o problema, porque ele começou por ter pouca expressão. E olhando para os números da vacinação, representam uma ínfima minoria. Demos, e bem, primazia à liberdade de expressão destas pessoas, que estão no seu legítimo direito de acreditar em todas as realidades alternativas que entenderem, oscilando entre um anarquismo libertário e as ideias mais radicais de conspiração global para dominar o mundo com o be...
  Jesus Cristo Bebia Cerveja Afonso Cruz Uma pequena aldeia alentejana é transformada em Jerusalém graças ao amor de uma rapariga pela sua avó, cujo maior desejo é visitar a Terra Santa. Um professor paralelo a si mesmo, uma inglesa que dorme dentro de uma baleia, uma rapariga que lê westerns e crê que a sua mãe foi substituída pela própria Virgem Maria, são algumas das personagens que compõem uma história comovente e irónica sobre a capacidade de transformação do ser humano e sobre as coisas fundamentais da vida: o amor, o sacrifício, e a cerveja.   Depois de ser distinguido com o prestigiado Prémio da União Europeia para Literatura, Afonso Cruz venceu com o seu romance "Jesus Cristo Bebia Cerveja" a categoria Livro Português do Ano na primeira edição dos Prémios Time Out Lisboa .    A leitura deste livro deixa no ar alguma perplexidade. Por um lado, é um livro de leitura muito agradável. Por outro, deixa um certo desencanto. Talvez o encanto esteja no estilo e o...
  Não basta mudar as moscas …               Claro que não basta mudar as moscas, caro autor. Decisivo é acabar com a merda. Que, como se sabe, é o habitat natural daquelas: as moscas.        Refiro-me ao livro de Jaime Ramos sobre o estado da república portuguesa. Vêm a propósito os outdoors da campanha para as autárquicas, a que já aludi na crónica anterior, e que Pacheco Pereira, em entrevista recente, dizia lembrarem cada vez mais os da RE/MAX, na área do imobiliário. Para além das dimensões físicas, que os dinheiros da “bazuca” vieram desnivelar mais, não têm outra coisa que os distinga. Por exemplo, “AVANÇAMOS COM CONFIANÇA” (PS), “UM RUMO PARA MIRANDA” (CDU), ou “MIRANDA MERECE” (CDS), são formas diferentes de dizer a mesma coisa: nada. E, todos juntos, dizem o mesmo. “AVANÇAMOS COM CONFIANÇA, UM RUMO PARA MIRANDA. MIRANDA MERECE”        Slogan ...