A Revolução da Música Portuguesa Foi Há 50 anos (nuno galopim e joão lisboa, Revista Expresso) Uma Canção é um objeto novo “Acho que é mesmo uma fruta do tempo. Coincidiram ali vários aspetos que talvez ajudem a perceber porque comecei por ir por aí... o Zeca Afonso, o movimento dos ‘baladeiros’... tínhamos discussões de caixão à cova entre nós por causa daquela prótese criativa que existia na altura e que era pegar nos livros dos poetas e fazer canções. O debate — que chegou a levar a cortes de relações — era sobre o que é uma canção. Uma canção não é uma poesia servir de autocolante para uma música qualquer, é um objeto novo, uma linguagem diferente. É filha, mesmo no sentido genético, da música e da palavra. Não há hipótese de fugir a isso e eu insurgia-me contra essa mania dos livros de poemas (ainda por cima, coisas neorrealistas), e fazer canções a metro com dois, três acordes, primeira-segunda-e-marcha...