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A mostrar mensagens de fevereiro, 2022
  «O Varandim» é a primeira novela do livro publicado pela Porto Editora, dotado, como habitualmente, de uma riqueza vocabular inerente à marca identitária do autor. A história passa-se num país imaginário chamado Svidânia, que vive um ambiente muito similar ao do Império Austro-Húngaro na viragem do século XIX para o século XX. Ou seja com a tradição ainda muito vincada nas mentes, mas com as ideias progressistas a percorrerem o seu caminho numa sociedade pouco ciente das transformações por que será em breve obrigada a passar. Será nesse ambiente que, um conjunto de anarquistas, pouco experientes, falham um atentado contra o grão-duque, vendo-se condenados à morte. A exemplo da Roma Antiga, os nobres e os burgueses da cidade têm pouco com que se divertirem, pelo que, uma execução pública aguça obrigatoriamente a curiosidade. O Varandim do título será, pois, o da casa de um conde arruinado, Zoltan, de onde se poderá assistir ao enforcamento dos revolucionários de uma localização pr...
  Uma Teoria da Democracia Complexa (III)                 Escusados pruridos e dúvidas de académicos, relativamente a certezas de data e autor, A Arte de Furtar é um livro do Pe. António Vieira publicado pela primeira vez no ano da graça de 1652. Em 1952, precisamente três séculos após, Jorge de Sena dedicou-lhe uma epígrafe em que substitui o termo furtar por verbo mais prosaico – roubar, – que mais tarde José Afonso cantaria ( Epígrafe para a Arte de Furtar ): Roubam-me Deus outros o Diabo - quem cantarei?   Roubam-me a Pátria;   e a Humanidade   outros ma roubam - quem cantarei?   (…)        No que nos respeita, e de quanto se sabe, ao tempo de Vieira éramos – como dizer? – mais tangíveis em substância de roubo. De África roubávamos os homens; do Brasil roubávamos o ouro.        Hoje, Daniel Innerarity regressa...
  Uma Teoria da Democracia Complexa (II)          Outra vez o Daniel Innerarity? – “Duas vezes é para os mais inteligentes: para os outros é sempre a dobrar” . Cito de memória mas é mais ou menos assim que diz Almada Negreiros (Poeta d’Orpheu Futurista e Tudo) no seu “ Manifesto Anti-Dantas e por Extenso ”. E esta Teoria da Democracia Complexa justifica também mais algumas visitas do Leituras de Salto Alto. Hoje faço-o a propósito do espanto – que por sua vez me espanta também – que causou à nata da generalidade dos comentadores políticos o facto das sondagens eleitorais influenciarem os resultados das eleições. E começo por estranhar que alguns dos mais elementares princípios da física moderna, muitos deles já não tão recentes assim e há muito divulgados, não tenham ainda, pelos nossos lados, substituído o venerável legado newtoniano/cartesiano para acrescentar mais algum conhecimento às ciências humanas. Que, como se sabe, também são ciên...
  Os Maias (…) - É extraordinário! Neste abençoado país todos os políticos têm imenso talento. A oposição confessa sempre que os ministros, que ela cobre de injúrias, têm, à parte os disparates que fazem, um talento de primeira ordem! Por outro lado a maioria admite que a oposição, a quem ela constantemente recrimina pelos disparates que fez, está cheia de robustíssimos talentos! De resto todo o mundo concorda que o país é uma choldra. E resulta portanto este facto supracómico: um país governado com imenso talento, que é de todos na Europa, segundo o consenso unânime, o mais estupidamente governado! Eu proponho isto, a ver: que, como os talentos sempre falham, se experimentem uma vez os imbecis! (…) Eça de Queirós          Caríssimo Senhor Doutor João da Ega,        Escrevo-lhe no ano de 2022 a um domingo em que nós, neste abençoado país, escolhemos um governo que substitua o anterior, caído em desaprovação ...