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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2020
 Cão Como Nós, de Manuel Alegre.  Neste livro encontramos o amor humano do autor e família, que se conjuga com o sentir de emoções pelo cão, Kuricas, que os aceita todos com a sua forma de amar. Não liga a regras; quer ser ele próprio. Existir pela diferença. Todos se ligam a ele com Amor fraternal. Todo o livro nos transporta a momentos em que sorrimos, outros entristecemos. Por vezes fica a sensação que nos quer dizer algo, apenas com o olhar.  Outras vezes fica perdido nos seus pensamentos, não ligando aos membros da família. Estaria zangado? Também ele tem  direito a ter momentos menos propensos à brincadeira, ou ficar apenas com seus pensamentos. A sua morte deixa um vazio. Um vazio de espaço e na alma. É uma despedida abrupta. A morte é sempre uma despedida sem volta. Ficam recordações, que amortalhamos em nós próprios. Somos túmulos de silêncios... O mais importante é saber que estamos prontos para amar e cuidar de um animal; seja cão, gato ou outro. A respons...
  Cá dentro o professor Rui Correia fala do que passa dentro da escola, dentro dos alunos, dos professores e dos pais, mas não os isola em ilhas, relaciona-os em todas as suas desarmonias. O professor Rui não aponta dedos nem atribui culpas, mas reconhece a urgência da escola e lá dentro, os professores, servirem os alunos que a frequentam, reconhecendo neles a casa  de onde vêm todas as manhãs, o seio familiar onde se movem e aprendem a ser pessoas, os lugares que frequentam dali para fora... é que dentro de cada aluno vive essa pessoa múltipla que muitas escolas (e dentro delas muitos professores) insistem em não ver, não considerar na equação. Cá dentro, o professor Rui oferece uma bagagem de estratégias para que os menos criativos se inspirem e se tornem eles inspiradores. Mas cá dentro há também os mínimos, que ao pecar por excesso de urgência e atualidade, são diariamente atropelados. O mínimo de uma letra legível, o mínimo do cálculo mental, o mínimo da História, o míni...
  A PESTE No ano da graça de 1947, o escritor franco-argelino Albert Camus publicou ‘ A peste’ . Uma versão romanceada da filosofia existencialista que trata da solidariedade que a todos devemos, do livre arbítrio e da responsabilidade e consequências das nossas escolhas. Os tristes e preocupantes factos dos últimos meses reposicionaram este livro no centro das atenções de quem a respostas frívolas e não pensadas prefere uma reflexão mais séria sobre as contingências da vida. Numa cidade do norte da Argélia, Orão de seu nome, em 1940, um médico, Bernard Rieux , encontra um rato morto ao deixar o seu consultório. Noticiou o facto ao responsável pela limpeza do prédio, que se mostrou incrédulo. No dia seguinte, outro rato foi encontrado, morto, e no mesmo lugar. A esposa do médico tinha tuberculose e foi levada para um sanatório. O médico recebeu um jornalista francês que pretendia entrevistá-lo sobre as condições de vida da comunidade árabe da cidade. A quantidade de ratos p...
  André Ventura e a Lei de Lavoisier A Nova Direita Anti-Sistema – O Caso do CHEGA foi uma das minhas leituras mais recentes. Trata-se de um estudo de Riccardo Marchi que, no âmbito do processo de reconfiguração da direita, em Portugal, se ocupa do processo de criação do CHEGA e do perfil ideológico do seu líder – André Ventura. Segundo o autor, o objetivo do projeto CHEGA é a criação de um partido “anti-sistema, de direita radical, liberal na economia e conservador nos costumes”. Nem racista nem xenófobo, muito embora as manifestações em contrário que amiúde ocorrem no seu seio. Para a sua base social de apoio conta com os setores da sociedade que nunca se reviram nas propostas da direita parlamentar – CDS e PSD –, com a abstenção e com setores do eleitorado desiludido que vão do PS a franjas de descontentamento do PCP. Acontece que tudo isto é dito, conforme faz notar Daniel Oliveira num esclarecedor artigo publicado no Expresso de 1 de agosto passado, em registo de “o Chega a f...
  “No primeiro volume de Em Busca do Tempo Perdido, o colosso literário de Marcel Proust, o narrador, enfastiado por um dia tristonho, é remetido para a infância quando a mãe lhe serve uma madalena com chá. O episódio tornou-se num dos excertos mais célebres de sempre, por razões que ultrapassam a literatura. A esse efeito das sensações na recuperação da memória, a psicologia moderna haveria de chamar “efeito de Proust” ou, em termos coloquiais, “madalena de Proust”. Ontem, pelas onze e meia da noite, tive uma madalena de Proust. Estava a comer uma taça de Nestum com Mel e, de repente, tinha 12 anos outra vez e o apetite selvagem de quem passava os dias a jogar ténis. Fiquei feliz e preenchido e absolutamente certo de que dormiria nove horas (ah-ah-ah) e de que no outro dia pegava na mochila com a energia de um pré-adolescente”.                          ...